sábado, 15 de maio de 2010

Artigo - OS SEDUTORES

POR DAVID GOULART

Fico muito feliz ao ver uma pessoa sedutora, e não estou falando de sex appeal ou de alguém que transa e beija quem quiser (Se bem que no final das contas eles tem essa oportunidade) bom, mas voltemos ao foco.

Quando digo sedutores, estou dizendo em relação aos espontâneos, aquelas pessoas que, onde chegam, conquistam, fazem amizades até com os sisudos. Esses sedutores sempre tem um quebra gelo na ponta da língua, sempre dizem bom dia para os desconhecidos e também, para os vizinhos. Você é amigo do seu vizinho?

É, cada vez mais os vizinhos se tornam conhecidos de vista.

Os sedutores saem na frente de nós polidos. Sim, eu não sou um sedutor, talvez pela herança burocrática militar que existe em minha família: Avô pertecente ao pelotão reserva do exército brasileiro durante a segunda guerra mundial e um tio avô que recebeu ordem do exército para fazer as malas porque iria a Itália, porém, só os pertences foram, na última hora, disseram que o contigente estava excedido. (Minha famiília e eu consequentemente fomos criados com esses parâmetros militares).


Bom, eu dizia que, assim como eu a maioria de nós brasileiros é polida, creio que os pensamentos de Gilberto Freyre e Sergio Buarque de Holanda, em relação a característica do brasileiro que, após estudos chegaram  a conclusão que esse povo não era polido, era super cordial e espontâneo. Entendo que este brasileiro está em falta, talvez, pela grande influência européia e norte americana que ao longo dos anos sofremos. Não me interprete como nacionalista, pelo contrário não sou nada disso, mas essa influência é um fato, esse brasileiro espontâneo é minoria, porém, uma minoria que é vista e sentida.


Eu mesmo gosto muito de conhecer essas pessoas, e vejo que elas se destacam, estão quase sempre com um sorriso cativante que provoca ações e reações, talvez, em algumas situações, em algumas empresas esse sedutor não seja visto com bons olhos pelos polidos superiores, mas é certo que ele terá muitos benefícios em consequência de atitudes espontâneas, terá mais amigos, logo, mais defensores, receberá mais companheirismo, terá a maior lista de contatos etc.


Ah! não confudam espontaneidade com ser oferecido ou incoveniente, chato, baixo, promíscuo, grosso, até porque, grosseria e sinceridade são coisas diferentes. O espontâneo chega e sorri para quem não sorri, tenta entender o arrogante, presta atenção nos comentários, nos acontecimentos, na rotina do dia a dia e quando surge um assunto que o aguça ele vai e dá opinião, fala isso olhando para quem esta por perto chamando à atenção dessa pessoa para si e para o assunto. Ele introduz a pessoa no contexto do momento, ele interage com todos e faz todos interagirem, não se sente tímido ou fica com aquela vontade de falar, que guarda os pensamentos dentro da cachola, esperando o "momento certo" para comentar.


Para esse tipo de ser, qualquer lugar, pessoa, ou hora são sociáveis... ônibus, ponto de ônibus, funeral, emprego novo, cidade nova, país novo, madrugada, noite, dia, chefe, subalterno, presidente, copeiro. Os olhos dele brilham quando começa a se relacionar com um desconhecido, a voz fica mais rápida, é como se tivesse uma sede interminável de conhecer gente, conhecer uma história nova de vida, de entender o que as pessoas viveram ou disseram.


Para o "Sedutor" a aula de comunicação é o mesmo que uma escolinha de futebol é para um craque... ele não vai aprender nada, apenas irá aperfeiçoar o que é nato em sua essência.


No Brasil, como disse: Não achamos esse ser facilmente em qualquer lugar, mas existe um estado que parece ser o grande celeiro, é o Rio de Janeiro (não que os cariocas da gema não tenham defeitos, claro que tem assim como todos os povos) mas sim, os cariocas ao meu ver são a representação dessa classe sedutora. É isso, mesmo, aquele carioca que a gente tanto reclama, aquele carioca, que em uma sexta faltando trinta minutos para ir embora, ele recebe a informação para fazer determinada coisa, então diz; Pô! Brother, tem certeza que não dá para fazer segunda?

A maioria das pessoas pensa o mesmo, mas guarda pra si e faz a tarefa sem dizer nada, mesmo que, emburradas, com medo que vá ficar até mais tarde no trabalho. A diferença é que os "sedutores" tem jogo de cintura.

Existem alguns povos brasileiros que ainda tem essa espontâneidade, mas só a experessam quando estão nos seus estados, quando vão para outra região ficam acuados, tímidos e são chamados de bichos do mato. Sendo assim, não os encaro como detentores de uma caractrística que possa ser tida como brasileira, talvez, somente regional. Já os cariocas, são do jeito que são em qualquer lugar. Não estou dizendo que não existam pessoas naturais de outros estados que não tenham esse dom da sedução, mas é que no Rio de janeiro, isso, é mais comum. Ou você acha que o carnaval é o que é só pelas esculturas, mulheres e pela praia?

Já nós paulistas e paulistanos, só vou citar o meu estado, já falei demais daquilo que não é meu. Em São Paulo, como dizem os Racionais Mc's- EM SÃO PAULO, AS PESSOAS NÃO SE OLHAM, NÃO SE FALAM, SE CALAM, SE PISAM SE MATAM. Todos sempre na correria (não só a correria legal como a ilegal também), já é comum ouvirmos alguém dizer que, não viu um parente ou amigo passar ao lado ou as vezes até vemos, mas ficamos calados achando que não há necessidade de conversar naquele momento ou até cumprimentar de novo.

E quanto as situações mal entendidas? Nossa, tanta coisa poderia ser exclarecida na conversa, mas preferimos nos calar e trabalhar em cima da idéia que foi formada a partir da suposição ou do simples achismo. Não dói nada perguntar e confirmar. Ou dói? É, acho que mudar uma realidade existente há algumas décadas dói sim, toda mudança nos dá medo, mudança de comportamento então, nem se fala, até porque, mudança de comportamento mexe com nossa intimidade, é como se mexessem na mais privada das propriedades, o que tem de mal um desconhecido brincar sadiamente conosco, falar uma gracinha? Mas, não aceitamos isso, é como se essa pessoa não tivesse critérios, ou se quem aceita a brincadeira e interage estivesse dando espaço a libertinagem. Hummmmm... Sei!

Queremos interagir, nos comunicar, mas o medo de que o outro nos conheça e saiba das nossas fraquezas é muito grande. Ficamos nos martirizando com essa vontade de sermos "livres" e menos sérios. Muitos extravazam ou tentam compensar isso com o sexo e vão a casas de Swing e tem a maior quantidade de relações sexuais que aguentam (o surgimento de casas de Swing e os comentários a respeito estão em contínuo crescimento). Muitos dos frequentadores, são pessoas que se dizem distintas, de alto nível. Entendo que são pessoas que no dia a dia tem comportamentos antissociais. Mas, essa carência de espontaneidade não tem nada a ver com pele, mas com sentimento, com troca de palavras, com exercitar o sentido da fala e da audição, quando não os exercitamos, passamos a olhar demais e, pelo menos em mim, o olhar exagerado, diminui o pensamento crítico, reflexivo e me leva a pensar em coisas instântaneas e dar ouvidos ao desejo, não só ao carnal, mas ao desejo de fazer coisas as vezes até para melhorar uma situação, e quase sempre a reflexão do que é a melhor coisa a se fazer não é seguida. Por isso, sempre que possível exercito a audição, a fala e a escrita.

Acredito que uma boa parte das pessoas tem o que dizer, mas não diz, por falta dessa espontaneidade que cito existir nos "Sedutores"

Faz uma roda de gente com essas pessoas, dá três copos de cerveja a cada uma e se prepare para ver quanta coisa eles tem a dizer e dizem, que em uma situação mais formal não diriam.

Não nos falta senso crítico, mas sim, espontaneidade.

É necessário encarar essa deficiência e criar mais atividades para ensinar a socialização ao sociáveis para que a espontaneidade não seja refém e consequência do álcool.

2 comentários:

  1. Parabéns David,
    que você consiga contar um pouco das suas histórias aqui e que esse blog seja uma grande porta de entrada para uma carreira brilhante!!!

    Beijoss

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  2. Valeu pelo carinho Gé.

    E fique a vontade para visitar o milehumpensamentos. Rsrs.

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